Cena 1 - O sangue nosso de cada dia
(Abrem-se as cortinas). Comento com alguém de fora da polícia o fato de em determinado Estado morrer quase um policial por dia. E ele me responde, assim, numa boa, sem querer me ofender:
- Morre, sabe por quê?
- Por quê? Perguntei (Burra!).
- Porque ninguém aguenta mais pagar um "cafezinho" pra eles todo dia. (Ele sai de cena)
Cena 2 - O hálito do diabo
(Pouca luz. Monólogo) - Claro que sei que ele existe, mas sempre soube dele como um ser asqueroso, insultuoso. O corruptor é aquele que tenta te corromper, subornar, comprar. Santa ingenuidade, porque ele foi extremamente sutil. Encostou em mim, com tanta leveza, como quem não quer nada. Senti um perfume intensamente atrativo e envolvente no começo da conversa, mas depois a náusea me veio à garganta. Insídia, coisa podre no ar. Ele se apresenta com vários nomes falsos. Disse a mim que se chamava "Opportunity", porque em Inglês soa ainda melhor. E eu merecia uma oportunidade! Sua lógica mostrou-se tão verdade. Por que pareci tão fácil assim aos olhos dele? Que imagem esquisita é essa que se diz minha e me trai? Ele quase me ganhou. Chegou a tocar no meu rosto e aproveitou-se disso para passar a mão na minha cabeça! Abusado. Conseguiu me fazer sentir tanta pena de mim mesma. (Sobe a música*). "Sempre precisei de um pouco de atenção, acho que não sei quem sou só sei do que não gosto. E nesses dias tão estranhos fica a poeira se escondendo pelos cantos. Esse é o nosso mundo. O que é demais nunca é o bastante e a primeira vez é sempre a última chance..." Com todo respeito aos seus cabelos brancos: Vai pro inferno, mentiroso! (Mas que porca miséria! Perdi um flagrante! )
Cena 3 - O exorcista
Depois de expor em seu blog uma grande decepção com a descoberta de um colega corrupto, o Sargento Lago da PMESP conclui: "A Bíblia, livro sagrado dos cristãos, diz que: 'o diabo veio para matar, roubar e destruir'. Compete à polícia o papel de impedi-lo". (Fechem as cortinas!)
*Letra da música Teatro dos Vampiros - Legião Urbana.