sábado, 30 de novembro de 2013

Na trave.

 
Olha... eu não tenho mais saco pra ouvir você reclamando que a polícia não tem carro blindado. Eu já sei que não tem e que deveria ter. Eu já sei. O que eu não entendo é porque, então, que você sai pra operação sem colete à prova de balas, já que, né?
 
Você arrota que nenhum ser humano é capaz de operar "inteiro" após doze horas de serviço ininterrupto. Claro que não é. Mas acontece. Eu, porém, te garanto que esse teu precário preparo físico, meu amigo, não te dá autonomia nem de duas horas de serviço ininterrupto.
 
Você reclama que as viaturas policiais não têm computadores interligados aos sistemas de informação pra você fazer consultas de emergência na rua e  blá, blá, blá, mas peraí... você perdeu o prazo de recadastramento da senha do INFOSEG?
 
Você reclama que a Administração não te paga horas extras de trabalho, mas vejo que você jamais reclama de ficar horas e horas na seção olhando as redes sociais da internet ou fazendo negócios particulares no telefone da Administração.
 
Meu querido, você reclama da falta de equipamentos necessários na polícia. Falta equipamento, mesmo. Mas eu já vi você sair pra diligências desarmado, aliás, nem lanterna tática você tem... Meu fi... nem o cinto de segurança da viatura... você usa!
 
Me dá nos nervos quando você reclama que não se sente valorizado pelo seu tempo de serviço. Ora é notório que você só quer trabalhar nos "grandes eventos", seu fanfarrão. Você não se qualifica, não quer fazer um curso, não quer botar a cara pra bater... e quer andar na janelinha?
 
Agora você reclama do planejamento "mal feito", mas você estava lá no briefing e ficou o tempo todo calado, emburrado, mal humorado. O Coordenador perguntou se alguém tinha sugestões, se o pessoal mais experiente gostaria de fazer alguma colocação... você ficou ca-la-do.
 
Já sei... você quer saber quem sou eu pra te criticar, né? Eu sou uma novinha que ainda nem sabe direito se fica na polícia. Não tenho nem de longe a experiência que você tem, mas tenho naturalmente te observado, afinal você é mais antigo, e foi essa a dica que me ensinaram na Academia. Mas, pra mim, são pessoas como você que estão acabando com este órgão. Você não me representa; você não me inspira; você não é, pra mim, um referencial.
 
Posso te dar uma simples sugestão? Primeiro, tire a trave do seu olho pra depois tentar tirar o cisco do olho do seu irmão, ô palhaço.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Corruptus non olet.


Você acha mesmo que o corruptor tem escrito na testa "Estou tentanto te corromper"? Tem não. Na droga da testa do corruptor não tem NADA escrito. Absolutamente nada. Nem cara de corruptor ele tem, sabia? Nem jeito... Esse filho do demo do corruptor não tem cheiro de corruptor nem de enxofre.

Acho que nessa semana um procurador tentou me corromper. No meu trabalho, eventualmente libero documentos para as pessoas. Às vezes faltam requisitos legais e alguém toma altos prejuízos financeiros pela falta do papel. O Brasil é muito criticado mundialmente por tanta complicação e burocracia pra resolver coisas simples. Eu tento ajudar arduamente, na medida do possível, mas tenho muito poder (e motivos fundamentados legal e socialmente) para dizer "não".
 
Um desses procuradores que as pessoas contratam pra viajar e resolver coisas em órgãos públicos, deixou ou "esqueceu" um pacote pardo, do tamanho de uma caixa de perfume em cima da minha mesa e saiu. Não era um perfume e não estava envolto em papel de presente. Não sei se foi no momento em que ele conversava comigo ou se foi numa hora que eu precisei sair da sala. Só sei que vejo sempre ele aqui nos corredores.
 
Quando voltei pra mesa, sempre com mil e uma coisas na cabeça, percebi o pacote. Perguntei pra galera quem tinha deixado aquilo lá e ninguém tinha noção. Tem umas trinta pessoas na minha sala e ninguém soube explicar? Vai pro raio que o parta, né? Uma luzinha amarela de alerta piscou na minha cabeça feito um rotolight e uma setinha vermelho intermitente acusava o procurador! 
 
Peguei o volume e fui atrás dele no corredor. Senti uma movimentação estranha na sala. What the hell is going on? Uma das contratadas quis me dizer alguma coisa mas não disse. Algo no sentido de "deixa disso". Mas não. Ótimo, pois eu... não queria ouvir.
 
Bom, encontrei o procurador no corredor e entre dar logo voz de prisão em flagrante pra ele e investigar se era mesmo o que eu estava pensando. Optei por mandar um recado, um spam(talho) pra geral. Cheguei pra ele com o embrulho na mão, diante de olhares curiosos dos terceirizados da minha sala e disse: "o senhor esqueceu isso na minha mesa". Ele concordou sem graça tentando ser educado e levou o embrulho (se era pra ele entender, entendeu, porque ele deu aquela gaguejada. Sabe aquela amarelada beeeem característica?).

Cara... pra você pode ser tudo muito óbvio... mas eu tenho dúvidas. E se não fosse nada disso? E se fosse um bolinho de rolo que a avozinha dele mandou pra mim? Hein? E se fosse um pedido  de casamento? Ramás saberemos! Mas tem uma coisa. Se acontecer de novo, eu vou mandar esse capeta desgraçado pro inferno!

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Doeu.




- "Elas são policiais mas são legais".

Frase que a amiga da minha colega falou pra sobrinha dela de poucos aninhos e riu.