terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Inaptidão.

O delegado Pedro Paulo Pontes Pinho, da 9ª Delegacia de Polícia (Catete) do Rio de Janeiro usou seu perfil pessoal identificado como “Polícia e Poesia” no Twitter nesta segunda (21) para criticar parte de sua equipe de funcionárias, dando a entender que, para ele, as mulheres não têm a mesma aptidão que os homens para o trabalho policial. O machismo saiu pela culatra e a chefe de polícia Martha Rocha depôs Pinho do cargo. Em seu lugar, coincidência ou não, entra a delegada Monique Vidal, lotada até então na 13ª DP (Copacabana).
 
Postado por Daniela Novais 11:36:00 22/01/2013

P.S. - E quanto mais o delegado tenta se retratar, mais fede.

 

sábado, 12 de janeiro de 2013

Constrangimento.

 
Tive que dividir um único alojamento com um outro colega e não tinha outro jeito, além do alojamento ele ainda fez a gentileza de me emprestar a sua própria roupa de cama. Revezamos em turnos madrugada a dentro. Enquanto eu dormia ele ficava atento no escritório e vice-versa.

Antes que o movimento feminista xiita me use como ponte para ideologias, explico que foi uma situação de emergência. Quero ser honesta e dizer que não é normal isso acontecer na minha polícia. Pelo contrário, o pessoal aqui costuma, na medida do possível ser sensível às questões femininas, inclusive no que tange à maternidade. Essa situação ocorreu fora da minha base, onde, inclusive a chefe do serviço é uma delegada, que não deixaria, propositadamente, uma situação dessas ocorrer sob seu comando. Não sou obrigada a aceitar esse tipo de situação, mas também não sou leviana. Claro que eu poderia simplesmente telefonar pra ela e dizer, "Chefe, não tem condições de dormir aqui, então acione o sobreaviso". Contudo, é esse o tipo de atitude que angaria a antipatia dos colegas do sexo masculino, muitas vezes. E 99,99% dos chefes operacionais são homens. Posso estar errada, mas nesse caso específico, sou adepta da política de que a gente pode ceder um pouco aqui pra ganhar mais lá na frente.
 
Pra encerrar essas explicações chatas porém necessárias, cabe ainda ressaltar que no local onde estou lotada, onde trabalho normalmente, existe uma suíte relativamente confortável só pra mim, porque sou a mulherzinha do grupo, enquanto todos os outros  policiais, mais administrativos e outros dividem as instalações reservadas para os homens.
 
Voltando ao pernoite, se serve de consolo, o cansaço é um opióide útil nessas horas, e me fez esquecer rápido das preocupações, inclusive com a de higiene do lençol e da minha própria roupa. Só tirei o calçado pra dormir, o resto era a roupa com a qual passei o dia. A-pa-guei. Tivemos que deixar a porta do quarto destrancada porque não tinha chave e tive que entrar lá quando ele estava dormindo pra usar o banheiro sem fazer barulhinho. Mas o mais constrangedor, mesmo, foi a piada que ouvimos do atendente da companhia aérea que trabalhava próximo, e que veio falar com a gente no dia seguinte, enquanto tomávamos café numa lanchonete ali perto: "Parece que a noitada foi boa, hein, pessoal?". Lembrei-me de ter imaginado a fala do meu pai sabendo de uma coisa dessas "Mas minha filha o que as pessoas vão pensar". Respirei fundo e não respondi, apenas fiz aquela cara de poucos amigos, porque se eu der corda esse idiota vai o quê? Perguntar onde é o final da fila ou gritar "Próximo!"? Mas pra minha sorte, o colega soube responder adequadamente, o que me deixou altamente impressionada. E o indivíduo, após recuperar o fôlego, pediu desculpas pela falta de respeito.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Imaturidade operacional

  
 
Mais um colega da minha equipe será substituído essa semana. Perdeu a confiança do chefe, pois além de descumprir uma ordem sua, ainda mentiu a fim de encobrir um erro e, pra completar, quase leva junto um outro colega nosso aqui. Ou seja, falhou feio e como já era de se esperar o chefe não teve misericórdia humanitária.

Vou chamar esse colega de "Mestre" porque ele era praticante de artes marciais, adepto dessa filosofia oriental de serenidade, disciplina, respeito e hierarquia. Novinho, também, e pra mim era um cara que tinha tudo pra ir longe. Gostava de ouvir as teorias "wonderequilibrium" dele. Mas de que vale a teoria se não tiver aplicação prática, né?
 
Ocorre que o "Mestre" andava criticando muito, nos bastidores, as exigências do chefe no que tange às regras, à checagem diária dos itens de segurança, à realização correta de vários procedimentos de verificação... Suas observações tinham um ar de quem se acha muito charmoso, muito inteligente, muito hype pra obedecer tantas ordens sem contestar. Respeito a opinião do colega, mas sinceramente, quem acha que tá errado que apresente uma proposta melhor. Eu, por exemplo, não me vejo tão alta-performance a esse ponto. Não tenho essa bagagem toda, essa maturidade operacional pra fazer críticas plausíveis às determinações da chefia. 
 
Pois é... cansei de ouvir o "Mestre" alardeando flácida e prosaicamente  que "Isso é besteira", "Pra quê, aquilo?", "Tal coisa não tem necessidade", "Paranóia daqui", "Isso nunca vai acontecer de lá"... Bom, aconteceu e lamentavelmente foi uma vergonha para o colega e um vexame para a equipe. Um verdadeiro fiasco.
 
Não estou julgando ninguém, estou apenas tentando administrar o que aprendi. Até porque, tenho plena consciência de que, normalmente, doutor, quem fala excessivamente, quem demonstra prazer em criticar, meritíssimo, quem adora colocar o dedo na ferida dos outros, excelência, é aquele que só tem teoria (quando tem, né?) e não tem a prática. O que é um baita farisaísmo tardio. Na minha área de atuação na polícia, quem tem a prática sabe que todo mundo erra, sabe que as missões nem sempre são compatíveis com nosso nível de maturidade e treinamento e também sabe como é difícil ter que obedecer a um milhão de princípios em uma única atitude, o que não nos exime das consequências e da responsabilidade por nossos atos.