sábado, 30 de julho de 2011

Orgulho e preconceito.


Já teve a sensação de que tinha alguém te seguindo? No meu caso, tinha mesmo. Ainda na fase do concurso, eles foram ao meu trabalho anterior e entrevistaram meu chefe sem explicar o motivo de tantas perguntas. Esse meu chefe antigo disse que respondeu tudo bonitinho, mas sem entender nada. As vizinhas da mamãe também contaram pra ela sobre umas perguntas que eles fizeram. E isso é tudo o que sei sob a investigação social feita a meu respeito. Mas imagino que jogaram meu nome em todos os sistemas de informação possíveis e foram aos lugares básicos e óbvios para se fazer algum levantamento sobre a vida de uma pessoa. E como não encontraram nada negativo, se deram por satisfeitos. Minha mãe ainda conta essa história com muito orgulho.

Não vou negar que foi meio constrangedor à época em que soube dessas visitas. Ninguém se sente à vontade com o Estado revirando sua vida particular, mas faz parte do concurso policial, então muita calma nessa hora. Inclusive defendo a investigação social com unhas vermelhas e dentes cerrados. É que para entender a polícia você precisa perceber que nada aqui é assim, tão cartesianamente simples. Há quem jure que o crime organizado tem seus tentáculos em lugares que a gente nem imagina. Portanto, a contra-inteligência da polícia trabalha para mim. Só acho que deveriam fazer o mesmo no Congresso, por exemplo.

Por outro lado, há também muita lenda sobre o tema. É claro que não vão derrubar um candidato por conta de um cheque que voltou... Não obstante, observe que, num planeta muito distante, um agente que passou no concurso para o cargo de delegado teve uma triste surpresa ao constatar que a seu lado havia um outro aluno, ex-presidiário condenado por tráfico de drogas, sub júdice, que havia sido preso por ele mesmo (o aluno conseguira se matricular na academia graças a uma decisão judicial liminar).  Gozado, não é? Eu não acho. Sei lá como terminou essa história, mas sei que se o ex-bandido entrou em exercício, é um delegado que dispensa informantes.

Já este outro caso, parece coisa do FBI ou da Gestapo... mas não, é uma outra lenda da famosa polícia de Marte. Um já aluno da academia que se chamava mais ou menos Mohamed Ali, ou Mohamed Laden, uma coisa assim, chamou a atenção por ser um estrangeiro naturalizado marciano. Como a lei daquele planeta não preconizava que o candidato deveria ser marciano nato para ser policial, não havia motivo legal para desligá-lo do certame. Contudo, é claro que deram um pente fino no rapaz e vendo que ele não tinha piolho e nem uma lendeazinha sequer, este ser de outro planeta presta serviço até hoje num setor onde ele é especialista nato.


quinta-feira, 28 de julho de 2011

Vinícius.


Uma mulher tem que ter alguma coisa além da beleza
Qualquer coisa feliz
Qualquer coisa que ri
Qualquer coisa que sente saudade

Um pedaço de amor derramado
Uma beleza ...
Que vem da tristeza
Que faz um homem que como eu sonhar

Tem que saber amar
saber sofrer pelo seu amor
E ser só perdão

domingo, 17 de julho de 2011

Embuste.


Primeiro dia de curso. Mais de 70 policiais de uma outra polícia, aguardando a "Instrutora Novinha". Quando entrei, a turma inteira se colocou em pé automaticamente (Hein?! Foi.) Eu, fingindo a maior naturalidade do mundo, pedi a todos que se sentassem, enquanto me dirigia ao microfone. O xerife (espécie de líder dos alunos) perguntou se eu precisava de alguma coisa. Respondi que tava tudo tranquilo. Mentira, porque eu estava nervosa. Agradeci a gentileza, me apresentei à turma como agente de polícia, falei onde trabalhava, coisa e tal, e omiti o tempo de casa (óbvio, porque isso depõe contra minha pessoa). Então comecei a explicar como seria o curso e falei sobre  regrinhas e outras generalidades das aulas. Incrível assistir nos olhos deles o fascínio que uma mulher reflete em situações de comando (Ui!). Já estava até me sentindo bem mais à vontade. Sabe quando a pessoa está adorando ouvir o som da própria voz? Vai dando corda pra novinho, vai.

Calma. Isso não foi um trote, você não está no blog errado, eu não delirei na broca e este não é um daqueles posts onde no final o autor diz que acordou de um sonho. Ocorre que, mais uma vez eu estava no lugar certo na hora certa. Se é que alguém já notou que só me dou bem aqui por ironia do destino, né? O fato é que um delegado nosso foi convidado a ministrar um curso para outra polícia, sobre cujo tema ele já publicou dois livros. Quanto a mim, guardo uma vaga lembrança de ter tido tal matéria na Academia. Para tanto, ele precisava de alguém que o auxiliasse nas instruções. Tipo: preparar apostilas, pegar e-mail dos alunos, distribuir material, operar datashow, dar os avisos, enfim, fazer todas essas coisinhas por amor à ciência, à integração fraternal entre as polícias e à paz mundial. Tá, eu me empolguei. Voltando. Quem vocês acham que eles iriam mandar? A Novinha! Certa a resposta!!! Porque como vocês já sabem, eu, na qualidade de policial, sou uma ótima secretária. Com todo o respeito à honrosa profissão, sim, eu devo ter mó cara de secretária meiga e compreensiva. Sendo que, no papel, eu era "monitora" (me engana, que eu gosto) e para os alunos fui apresentada como "ins-tru-to-ra"... Percebeu o salto meteórico na evolução da minha carreira?

Mas esse episódio Forrest Gump não terminou por aí. O curso tinha uma parte operacional muito legal que o delegado não tinha o menor interesse em ministrar. Então ele convidou um outro agente que demonstrava maior afinidade com a coisa para conduzir essa parte da instrução. Pelo fato de eu já estar por ali, acabei sendo catapultada pra ajudar o outro instrutor, entendeu a manobra? Aí, sim. Pasma, reconheço que nessa urgência irresponsável com que se resolvem as coisas na polícia, no melhor estilo "NHS" que em sânscrito significa "na hora sai",  a gente treinou direitinho os passinhos e  fizemos altos exercícios com os aluninhos. E eu lá... corrigindo a execução e performance de cada um: "Não. Não pode fazer assim porque senão acontece isso, olha...". Era eu, toda cheia de razão... e muito embuste, claro.

E é com certo constrangimento que vou assumir o risco de acabar de vez com o que ainda resta da credibilidade altamente duvidosa deste blog pretinho básico, pois vou contar que no encerramento do curso, ganhei dos alunos uma plaquinha de agradecimento "pelos excelentes ensinamentos compartilhados"! Não digo isso com orgulho, porque você, inteligentemente, deve estar se perguntando: "Mascomassim, Novinha?!" Pois é. Eu sei. Uma barbaridade...  E, tem mais. Por ser instrutora (no feminino) ainda ganhei flores... Por isso digo àqueles que bondosamente leram até aqui que a partir de hoje não acredito mais em certificados, homenagens e essas baboseiras todas que as pessoas adoram pendurar na parede. Acredite você, se quiser. Mas uma coisa é certa, um imbecil homenageado é algo dantesco.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sou uma pamonha.


Se eu for me estressar toda vez que ouvir uma provocação, cantada ou piada infame... não vou escrever sobre outro assunto neste blog. Meu chefe me disse que não vai me mandar para uma missão, na qual já estou envolvida até o pescoço, "porque quer um homem lá". Só me explica por que esse infeliz não me deixou trabalhando com o Jack Bauer, já que aqui eu sou uma inútil, imprestável? É lógico que eu poderia mover um processo contra ele, porque isso já está passando dos limites! Mas pra quê? Pra ele alegar que tem o poder discricionário da Administração e inventar um milhão de mentiras pra me ferrar no estágio probatório? Deixa... enquanto ele vem com o milho eu tô indo com a pamonha.