segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Excelente!

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O curso-de-boas-vindas foi realizado num quartel próximo daqui, e algumas aulas foram em locais especiais (academia dos bombeiros, autódromo, universidade, clube e, claro, estande de tiro). De todos os que já fiz, esse leva o Oscar de "Melhor Conteúdo", "Melhor Grade-Horária" e "Melhor Organização" na categoria.

Tivemos aulas de matérias diferentes que eu não imaginava encontrar nesse tipo de curso. Gostei demais da aula de Direito, de Bombas e Explosivos, de Eventos, de Negociação e muitas outras. Tudo muito estimulante, o que faz a minha percepção trabalhar acesa o tempo todo pensando: "como foi mesmo que eu vim parar aqui?"

Só pelo curso já valeu a pena ter vindo pra cá. Eles são muito bons em valorizar habilidades que a gente não sabia que tinha. Tive chance de alargar meus limites pessoais, vencendo barreiras impostas pelo corpo e pela mente. E as surpresas não acabam aqui, eles têm respostas para algumas antigas perguntas minhas e falam sobre coisas que eu nem sequer sabia ser possível verbalizar, o que me traz o sério pressentimento de que tudo isso que está acontecendo é um grande divisor de águas na minha carreira. Impressionante pensar que tem gente que não tem nem o pingo do "i" que o pessoal daqui tem, e acha que pode criticar.

Eu, por exemplo, não consegui entender o que chamo de algumas anomalias aqui. Daria o prêmio Razzie Awards de "Pior Aula" para "Abordagem". Porque tende piedade! Eu sei que abordagem é uma matéria sempre muito polêmica, mas aquilo foi um verdadeiro fiasco! Aqueles caras aprenderam a fazer aquele tipo de abordagem aonde, produção? Na Disney?!

Enfim, o curso acabou e eu fiz o meu melhor, graças a Deus. Minha classificação final foi a de Zero-Dois com gosto de Zero-Uno, já que o Zero-Uno era um aluno convidado que não iria trabalhar lá com a gente. Gosto de acreditar que isso é uma prova de que ganhou quem apostou em mim como uma boa aquisição para o time ou o treinamento deles estaria equivocado, certo? Eu sei que treino é treino e jogo é jogo, mas se o treinamento deles estiver correto, aqui eu sou titular.

Ps. 1 - O blog tá um pouco atrasado e eu ainda tenho muita coisa nova pra contar.
Ps. 2 - Eu entro na nossa sala e dou de cara com uma colega lendo o meu blog. Cara de paisagem total.
Ps. 3 - Mais um leitor desse blog tomando posse na Polícia. Parabéns "Futuro Investigador"!!! Vai lá gente, dá os parabéns pra galera lá do blog dele!

terça-feira, 13 de setembro de 2016

O legado.


Após uma eternidade, os papéis finalmente tramitaram e eu já estou aqui no meu novo local de serviço. Eles estavam falando sério quando disseram que queriam me trazer pra cá. E eu vim! 

Todos que chegam precisam fazer esse curso e eu entrei de cabeça, sonhando com cada instrução aqui da grade horária. Estou adorando tudo! Anotando tudo! Vivendo tudo com muita intensidade! Só não gosto do professor de tiro que por vezes aponta a arma para os alunos, quebrando regra básica de segurança, o que me deixa extremamente incomodada. Espero que não seja o mesmo instrutor nas aulas de tiro real.

Todos aqueles testes que fiz anteriormente eram meramente preliminares e o que vai valer mesmo são os novos testes que faremos durante o curso. Tudo de novo mais teste de tiro, teste teórico e outros que ainda não sei bem como serão e eu não posso fazer feio. 

Bom, o que posso dizer para início de conversa, é que eles são extremamente organizados. E nossas sinapses disparam no sentido de concluir que tem dedo de militar aí, não é mesmo? Mais um desafio: ser organizada.

A divisão do trabalho aqui é completamente diferente de tudo o que eu já tinha visto antes. Sim, porque as funções são muito diferentes. Aqui não tem delegado (não disse nada e a mente humana já fica pensando maldades). 

Existe um roteiro que você deve seguir assim que se apresenta na casa. Você é recebido no Gabinete, depois se apresenta no setor de pessoal, entrega documentos, 22 fotos, vários exames médicos, tem que tomar vacinas, daí você recebe uma cartilha, com várias informações úteis e sobre o passo a passo de quem está chegando. Recebe seu crachá, equipamentos de treinamento, apostilas impressas que não pode copiar e um monte... um montão de procedimentos padrão operacionais... que não sei se funcionam, mas acho isso fascinante!

Você policial que como eu chegou completamente perdido na sua lotação e a cada dia descobre algo novo que deveriam ter te falado no dia em que se apresentou, sinta-se consternado, porque aqui tudo isso está devidamente escrito e organizado racionalmente! Além disso, existem livros sobre a doutrina da casa, existem cadernetas impressas com check-lists de assuntos gerais e existem manuais sobre procedimentos operacionais. Amigos, tem mais material escrito aqui do que eu já li em toda a minha vida na polícia a respeito do tema. 

Então... era disso que eu tava falando!

Sabe aquela sensação do nerd que vivia sofrendo bullying na universidade e no fim é selecionado pra trabalhar tipo na Apple? Igual!

Vou explicar melhor, quase todos os setores onde já trabalhei antes eram movidos pelo empirismo. Cada um executa do jeito que sua experiência determina. Logo, se você não tem experiência, não tem nada! Sim, porque pra eles, ser organizado, escrever procedimentos, conhecer e seguir a doutrina era sinônimo de engessamento, uma coisa obsoleta, inflexível. De onde eu vim, instruções normativas só são normalmente escritas quando algum grande erro de colega o justificasse. O que não significa que o ensinamento seria passado para as gerações futuras. Resultado: aquela insegurança de novinho que vocês já viram nos textos passados, né, e um enorme desperdício de tempo pra quem chega e precisa reinventar a roda em cada operação. 

Portanto, quase tive um acesso de alegria quando solenemente recebi esse material todo escrito. Pra mim, é como se fosse um legado de quem passou por aqui antes e contribuiu. Muito obrigada, antigões, eu vou saber honrar as gerações passadas e sinalizar para as que vierem depois de mim.


domingo, 26 de junho de 2016

Expectativas.




Não sei se pelo fato desse recrutamento ter corrido a boca miúda, ou se não era interessante para tantos colegas melhores que eu na polícia, mas parece que está dando certo! Até recebi ligações de alguns colegas da época do curso de formação na Academia querendo me cumprimentar. 

Por falar em carreira, preparei meu currículo para entregar oficialmente e fui deixar lá no escritório deles. Claro que eu poderia ter mandado por e-mail ou pelo correio. Poderia ter deixado no protocolo, mas não. Eu quis subir e conhecer logo meu futuro chefe, que é um homem extremamente charmoso e que me cumprimentou com um beijinho no rosto, o que eu não esperava. Vamos chamá-lo de Charles Dance.

Me pareceu um homem inteligente do tipo que se diverte lendo Robert Musil, Boris Vian, Kafka... e manipulador! Sim, manipulador. Mas só depois de ter saído daquela sala foi que entendi a mensagem que ele quis transmitir e fiquei pensando nisso a semana inteira! Ou ele tem preocupações políticas que não estavam no meu planejamento ou ele tem tendências terroristas. Agora percebo que pra me dizer isso houve uma espécie de encenação e que ele estava controlando tudo ao nosso redor, a tonalidade dos elogios, a temperatura do ar condicionado, o sorriso fácil, etc. 

Mas sabe que foi ótimo eu não ter percebido nada durante aquela visita? Ficou parecendo que eu nem dei bola pra pilha que ele lançou sobre a minha vaidade. Sim, porque eu estava muito feliz, muito à vontade, muito autoconfiante, muito selecionada ou seja, completamente burra para entender a mensagem dele naquele momento. Afinal era eu a policial que se destacou nos testes... haha! "Sim, sou eu mesma, muito prazer" (adoro um reconhecimento!). E aquela roupa que escolhi pra uma visita informal estava combinando perfeitamente com o design do meu histórico. 

O problema é que agora estou com medo de não corresponder a tantas expectativas. Sabe quando você sente que não é bem aquilo que está lá no seu currículo? Não que eu tenha escrito alguma mentira ou exagerado em algo. Mas meu currículo, que é muito melhor do que eu, agora me acusa de pedantismo! Porque se no meu currículo eu contasse, não aquilo que já fiz, mas, por exemplo... o que senti, o resultado da seleção poderia ter sido outro! Medo de ter criado expectativas elevadas demais para o meu padrão. E é isso: nem comecei e já estou sentindo muita pressão. 

domingo, 15 de maio de 2016

Audácia.


Pra falar a verdade, não sei bem onde termina a audácia e começa a insanidade mental, portanto, relevem.

Eis que me telefonaram perguntando se eu estaria livre na terça-feira às 16 horas para fazer os benditos testes físicos preliminares. Na terça-feira?! Cara, quem marca um teste físico no meio do horário de expediente?! Não, infelizmente não vai dar! Esqueceu que o fisioterapeuta me avisou pra pegar leve com as tensões dos tendões do meu pé direito?

- "Claro!" Respondi, imediatamente. "Pra mim, terça-feira tá perfeito!" E isso foi suficiente pra eu me sentir uma tonta de tão contente.

Então fiz o reconhecimento dos locais das provas. Estudei o terreno. Repassei as estratégias. Reatei aquele relacionamento sério com meu tênis velho (agora fico emotiva quando falo de tênis velhos). Assisti novamente "Até o Limite da Honra". Não me julguem, algumas pessoas fumam maconha, outras roem as unhas, há quem faça infiltração ou vai dopado mesmo... eu assisto filmes motivacionais. E é tanta inspiração, adrenalina e dedicação na tela que me sinto bem capaz de mandar o aedes para o aegypti ou provar que a hipótese dos números primos de Riemann é verdadeira.

Dor no calcanhar?  Que dor??? Não, senti nada! Só um carinho enorme quando meu bem marcou o tempo no último treino no domingo pra mim e a sensação de satisfação em ver a cara de contentamento do meu avaliador após cada teste.

Uma mulher que se supera no dia do teste é aquele tipo singular que não necessariamente quer ser uma atleta e ganhar medalha, mas ama perder o fôlego no beijo da vitória suada.

Aliviada agora e bem confiante. Mas, por ora, apenas comemorações conscientes de que este foi apenas um de uma bateria multidisciplinar de testes objetivos e subjetivos a que vamos nos submeter. "Sorria, Novinha, você está sendo anotada".

sábado, 16 de abril de 2016

Vírgula.

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Queria escrever esse post usando muitos pontos de exclamação, só que ainda não, vírgula.

Decidi, super de boa, reunir todos os dias e horários livres que tinha para treinar para aquele teste físico importante de que lhes falei. Férias, horas acumuladas, feriados e parti pra treinar sério, com acompanhamento personalizado, sabe? Porque isso significa escrever meu nome no hall de mulheres que fizeram proezas nesta polícia. Só que parece que fui com muita sede ao pote e machuquei o tornozelo. Está enorme de inchado. Um minuto de silêncio, por favor.

E agora vamos exercitar a paciência e começar tudo de novo, torcendo obviamente pra que  não nos chamem para os exames enquanto durar o tratamento. Dói demais ver o sol lá fora me chamando pra vida, mas vai ter que esperar. Me entrego nas mãos dos fisioterapeutas, agora. Poderia me mudar pra clínica de fisioterapia porque tenho horários de manhã e de tarde. Todos os dias.

O médico disse que foi só uma coisinha muscular essa dor aguda e que vai dar tudo certo. A professora da natação disse que vai dar tempo, sim. Isso deveria amenizar a ansiedade, mas sou tomada pela dúvida sobre se eles perceberam algo de desespero na minha condição e não ousaram me contrariar nesse momento crítico. E ainda tem gente que acusa os médicos e professores de serem frios... Mentirosos, no máximo.

Chego em casa e quero ficar sozinha com umas questões: "Será que não vai ser dessa vez?"; "Deveria ter pegado leve, né, novinha!!!"; "Seriam estes dois quilinhos que provocaram todas essas reticências?"; "Ou será que foi o peso na consciência de estar abandonando a galera daqui?". São minhas dúvidas, inchando mais que o tornozelo.

Acabou não, tá? Vírgula. Aquele tênis novo, além de me custar o olho da cara levou também a unha do dedão! Não tá doendo, não, mas me disseram que vai cair... Como vou correr sem unha? Nunca mais vou usar uma rasteirinha? 

Vamos todos dar as mãos neste momento, respirar fundo e aguardar passar a tempestade. É o que temos pra hoje.

AAAAHHHHHHHHHHHHHHHGGGGGHHHHHHHHTTTTTTTT!!!!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Dias de treinamento.






Imagine que você está viajando em missão e o telefone toca. Após breves instantes de hesitação, você decide atender mesmo sem conhecer o número e... voilá! Era o cara que havia feito aquele convite pra você trabalhar com eles. Você vibra de felicidade porque tem muito interesse nisso sim. Entende que aquela ligação poderá te deixar a apenas alguns passos do auge da sua carreira policial. Você confirma que seu interesse é para atuar na ponta da lança. Porque às vezes eles também têm interesse em policiais que dominem áreas de computação, análise de inteligência, etc. Você quer apenas continuar fazendo o que gosta num nível acima.

Ele confirmou que o interesse deles é que você realmente atue na área operacional, mas que é preciso antes se submeter a alguns testes, entrevista e tal. Ele pediu um currículo atualizado com seus dados e você sabe que eles farão alguns levantamentos de inteligência sobre você. Ser testada é uma coisa que te dá barato. 

Após desligar o telefone você questiona por alguns instantes se dessa vez vai dar certo mesmo, mas tinha alguma coisa no jeito como ele falava ao telefone que te diz que agora é pra valer. Ele te quer mesmo sendo você apenas uma reles marrentinha sem muita verve de autoridade, mas que ele viu desenrolando com desenvoltura as paradas em inglês junto aos Noruegueses aflitos. 

Tinha uma coisa meio paternal na voz dele. Mas também pode ser seu subconsciente querendo afastar aquela impressão de que ele estava apenas te paquerando enquanto te olhava trabalhar naquele dia. Um gato daqueles te dando bola, hein!? Mas essa teoria já foi patenteada pelo delegado seu chefe, pra quem está claro que um convite desses não seria, digamos assim, exatamente por conta da sua competência profissional. Nessa hora você quer mandar um beijinho no ombro pra ele, mas coldrea, afinal sua liberação depende de sua boa vontade e sigilo, senão mandam um DeMO no seu lugar (delegado metido a operacional).

Imagina...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Que fase é essa, minha gente?



Às vezes sinto que a minha carreira policial está muito acelerada. Essa história de eu chefiar operações... Sou nova demais, amigos, muito inexperiente pra esse tipo de coisa. Aí, hoje, fiz as contas e descobri que tenho sete convites recém recebidos: três são pra trabalhar fora da polícia, os outros quatro são pra trabalhar em áreas mais ou menos interessantes aqui dentro mesmo. E eu procurando as câmeras pra ver se não era nenhuma pegadinha.

Estranho, pois são coisas que só vejo acontecer com policiais que estão no final de carreira. Roger Murtaugh saiu da Polícia por conta de um convite. Jack Bauer e o Guerreiro idem e vários outros colegas que trabalhavam com o Jack.  Tentando avaliar direito como isso tudo foi simplesmente acontecendo... Incapaz de entender. De qualquer forma sinto-me feliz por ver meu nome na mesma frase que qualquer um desses outros policiais acima citados.

Espera, na verdade eu não deveria considerar aquele primeiro convite simpático que cruzou meu caminho. Aquele pra trabalhar no exterior, porque né. Ninguém falou mais nada sobre o assunto. Embora eu tenha ficado super empolgada, sinto que não vai dar em nada mesmo.

Também não deveria levar em conta aquele convite pra voltar pra delegacia onde tudo começou. É porque um chefe novo (muito amigo do Guerreiro) assumiu uma área que sempre me interessou. Mas diante de tantas propostas aquilo já não me interessa mais. Tenho a impressão que voltar pra lá seria regredir na carreira. Mas foi um convite.

Tá, teve também um desses convites que não chegou a ser um convite, porque o pessoal só disse que seria muito interessante se eu trabalhasse com eles, sabe? Não chegaram e disseram exatamente "Vem trabalhar com a gente, Novinha". Mas eu sei que se eu quisesse mesmo trabalhar lá seria legal. Seria muito, muito interessante.

Veja bem, é que também tem esse um outro convite aqui que não vale a pena considerar, porque zero intenções de trabalhar na área burocrática. Agora não! Mesmoooo. Mas vai que amanhã eu pense diferente... Deixa aqui.

E teve também um outro convite que não sei se deveria realmente levar a sério. Sabe por que? Porque o chefão só me chamou porque eu fui fazer uma discreta sondagem com ele sobre um outro convite recebido. "Se eu soubesse que você estava querendo sair do seu setor eu teria chamado você pra trabalhar aqui comigo". Humm. Qual foi o objetivo dele ao dizer isso, amigos?

Mas, chega. Não vou ficar desconsiderando todos os sete convitinhos que recebi, porque independente de qualquer coisa, eu só queria compartilhar que a sensação foi muito boa e isso, por si só já vale a postagem. 

Agora, tem um convite aqui, minha gente, que eu toparia até pra ganhar menos. Sem demagogia! Vamos supor que eu reserve os últimos cinco anos de minha carreira policial pra juntar um dinheiro para minha aposentadoria, porque agora, não vou me preocupar com isso, não. Só consigo pensar que eu quero mesmo é continuar curtindo a vida policial à enésima potência. E lá eu sei que a diversão é garantida.

Se eu passar nos testes, claro.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Minotauro, Teseu e Ariadne



Querido blog, 


Ele é agente, veio de outra cidade pra cumprir missão aqui no meu setor. Não é muito antigo de casa, não, é antigo de idade, mesmo. Os cabelos grisalhos dele e a voz impostada impõem moral por onde passa. E ele passou por várias outras instituições irmãs antes de vir pra cá. Adora contar histórias de quando trabalhava noutra polícia. O problema é que são histórias estúpidas de gente arrogante, preconceituosa, machista, sexista e amarga. Aquelas coisas que os minotauros acham importante deixar claro para as mulheres. Mas ele jura ter algo a dizer pra humanidade. Ele precisa de atenção. Então tá, estou prestando atenção e mantendo a linha editorial educada do blog.

Minotauro foi tenente da Nasa, mas aqui não é a Nasa. Nem a Nasa é a Nasa que ele pinta. E eu sei que não tem tenente na Nasa, mas eu não queria ferir suscetibilidades. Bom, ele pôs na cabeça que a gente tem que padronizar tudo. Poxa, por que que a Nasa tem essa mania de padronizar?! Volta pra Nasa, Minotauro! Tem, sei lá eu, umas 40 instituições americanas pra fazer só o que a minha polícia faz por aqui. São tantas atribuições que algumas não têm nada a ver com trabalho de polícia em si. Aí o tenente chega da Nasa cheinho de preconceitos e acha que tem que padronizar tanto o policial que opera na Tundra Siberiana do Paralelo 30 quanto o que progride nos pântanos equatorianos?

Um dia acho que ele se deu conta de que estava meio ultrapassado. Viu um novinho operando um fuzil que ele não conhecia e parece que não soube lidar bem com isso. Porque se o Tenente veio do mundo da Lua, o novinho serviu no Iraque. Aprendeu a matar com o Rambo, o Shuazeneger. o Teseu. Ele era o Sniper Americano e o Minotauro não sabia sequer acoplar uma luneta no fuzil. 

Posso falar, querido blog?

Policial de verdade, pra mim, é o cara que desenrola a parada e cumpre a missão, simples assim. Se ele assovia, canta, dança, se foi tenente da Nasa ou aluno do Rambo, não me interessa. De pensar que eu achava que esses eram os caras, pois já chegaram prontos na Polícia. Ledo engano. Porque na hora do "vamovê", do "pegapracapá", na hora da "onçabebeágua"... os dois agentes de polícia mega brevetados deixaram muito a desejar... Pois é.

Na mitologia grega, Teseu, super corajoso mas burrão, estaria perdido se não fosse a ideia do fio de Ariadne (mãe do GPS) pra ele conseguir se orientar a fim de sair do labirinto, após matar o terrível Minotauro fortão que só lanchava adolescentes. Entendeu?

O novinho do Iraque deu, como posso explicar? Uma crise nervosa, um medo de não sei quê... e o resultado foi uma lambança. Porque não há nada mais exaustivo do que administrar expectativas alheias, né. Vai entender. Foi dispensado automaticamente de seguir na missão e voltou pra casa apesar de toda a sua brutal expertise de guerra. 

O antigão também foi muito aquém do esperado. Disse que era porque ele estava sem os óculos. Perdeu o prumo, passou vergonha demais, coitado. Disse que seria a última vez que ele participaria desse tipo de missão. Duvido. Ano que vem ele tá aqui de novo. Que venha, pois quem não vai estar aqui ano que vem sou eu, amigos, alçarei vôos mais altos. Agora, sou eu que vou trabalhar fora do ninho!