domingo, 12 de julho de 2015

Os professores.


Sonhei que eu dava aulas na Academia e no sonho eu era mais nova de casa ainda do que sou agora. Esse detalhe não foi ocultado pra provar pra vida que quem determina o nível do ridículo nesse blog, soy yo.

Olha, se aluno já pensa que é muita coisa, imagina os professores. Nas solenidades da Academia, os professores ficam destacados em áreas especiais. Os alunos sempre chegam mais cedo e os observam se aproximando aos poucos, se cumprimentando e tomando seu lugar no dispositivo.

Nos cursos de formação profissional, o professor é sempre chamado de senhor e quando entra em sala de aula, toda a turma fica em pé ao comando do xerife. Antes da primeira aula, o professor é apresentado à turma com a leitura do seu currículo. E essa é uma das partes que eu acho mais interessante, a história da vida do cara, seus cursos, locais de lotação, menções honrosas.

Adorava também quando o professor contava uma história sua pra ilustrar alguma aplicação do ensino proposto. Até quem tá cochilando acorda e chovem perguntas! Até hoje, o que melhor consigo lembrar dos professores que me deram aula, são pelos "causos" que contaram. Tinha uma professora que eu não lembro mais o nome, nem a matéria, mas lembro bem dela contando sobre uma operação divertidíssima em que trabalhou fazendo exatamente o que eu faço hoje.

Mas já percebi que, infelizmente, rola muita vaidade, como em todo meio acadêmico. E onde rola vaidade, rola muita coisa que a tia do jardim de infância já dizia ser muito feia. Virou professor? De brinde, vira alvo do recalque dos coleguinhas. Principalmente mulher! Coisa muito triste isso.

Nas aulas de conteúdo mais teórico, que envolve muita legislação e conhecimentos que você tem fácil acesso, digamos assim, é mais tranquilo. Já nas matérias mais operacionais o clima é bem mais tenso. Nessas aulas a gente sempre ouve que "um detalhe esquecido pode ser catastrófico para toda uma operação", que isso ou aquilo "pode custar a vida de alguém". Exagero ou não, nessas matérias sempre vai rolar muita discussão se a técnica proposta se aplica ou não na prática; se não seria mais fácil fazer de outra forma; se a doutrina americana, francesa ou boliviana seria melhor que a nossa e por aí vai.

Imagino que para o professor também não seja fácil, pois mesmo em turmas de curso de formação profissional tem alunos com bagagem adquirida em outras instituições, polícias e forças militares. E sempre tem um iluminado pra questionar: "mas, professor, e se... aqui eu fosse atacado por um... jacaré voador"? Enfim.

E o que dizer dos cursos especializados? Aí é que a vaidade rola mesmo, porque às vezes aparecem umas figuras que se acham e cuja missão da vida é não aceitar orientação de seres "inferiores".  Isso, sim, é o que eu chamo de circo. Palmas para os palhaços.

Li por aí que no Japão os professores são os únicos profissionais que não se curvam ao imperador, porque para os japoneses, numa terra que não há professores, não pode haver imperadores. Aqui é o contrário.