quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Seis anos blogando.





Hoje vou comemorar os seis anos do "Mulher na Polícia" junto com os futuros novinhos da Polícia Federal!

Obrigada pelo convite!!! 

sábado, 31 de outubro de 2015

Lucidez.


Tem missão que, sinceramente, não vale o que se gastou da sola do seu sapato. É preciso esmagá-la ainda na fase de planejamento, antes que ela roube você de você mesmo. Com o tempo a gente aprende a direcionar melhor nossa intensidade, porque a vontade de agir transborda como jazz e furtivamente te faz escravo dos caprichos de gente manipuladora. Assim, entendemos que essa, afinal, era a nossa grande missão: dizer não ao vazio, que é pra onde vai nossa energia e os gastos públicos com esse tipo de ação. Dormi com o estigma de incompetente, mas acordei com aquela leveza da sensação do dever cumprido. É preciso aprender a sentir o baque da realidade policial no Brasil. Espero que não seja muito tarde. Às vezes demoramos um pouco mais para constatar isso. Talvez você sofra um pouco quando perceber essa clareza. Mas não desista, isso se chama lucidez. Ela brilha na escuridão.


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O curso dos israelenses.

Resultado de imagem para guerreiras israelenses

Silenciosamente repreendo a mim mesma, porque meus desafios têm sido cada vez mais audaciosos e sempre tenho medo de descobrir tipo tarde demais que dei um passo maior que minhas pernas.

Os israelenses há muito tempo empregam mulheres nas áreas operacionais do combate, mas senti uma pontada no estômago quando percebi que era só eu de mulher no curso. Parecia operação sigilosa porque ninguém ficou sabendo. O delegado meu chefe conseguiu a vaga dele e me colocou no pacote. Havia só três alunos oriundos da minha polícia, o restante era de outras instituições. 

Foi muito interessante ver como os israelenses fazem o trabalho que eu faço aqui na polícia. São simples e ousados. Nesse curso foram bastante exploradas as ações do operador individualmente. Digo isso debruçada nos parâmetros dos que preferem enfatizar a integração sincronizada de equipes com 10, 15 componentes, sistema em que fui criada, porque os israelenses sabem se virar com apenas um ou dois colegas. Olha, se brincar eles fazem o que têm de fazer até sozinhos, sério mesmo. Acho que isso se deve talvez ao histórico deles em operar na clandestinidade e tal. Meus professores da Academia teriam um ataque se vissem isso, mas estou naquele momento da minha vida profissional em que procuro não depender muito da boa vontade da Administração em prover os meios que preciso pra trabalhar. Prefiro a qualidade à quantidade, professor.

Era um só professor durante todo o curso, cujo semblante era dominado por um ar de confiabilidade. Seu estilo era bem diferente do jeito mais formal dos professores franceses. Muito sério, mas simples e acessível. Sem a ajuda de tradutores, ele deu aula em português sofrido, mas num tom moderado e aprazível. A dedicação e atenção que dispensou a cada aluno da turma suplantou a falta de vocabulário dele.

Pelo fato de eu agora estar trabalhando mais na área de planejamento de operações, caprichei na hora de escrever o trabalho de conclusão do curso. Estudei sim, todos os dias, mas tive muita sorte, porque já tinha operado no cenário que ele escolheu para o prova final. Banaliza-se o conceito de irritar os coleguinhas, quando o único aluno a tirar a nota máxima do curso é uma mulher, né? Então vamos parar por aqui.

(Tem uma equipe nossa trabalhando na missão deles aqui no Brasil. Eles nos disseram que em breve precisariam muito de uma mulher na equipe e nessa hora senti meu coração batendo dentro dos meus ouvidos. Eu seria muito louca ao ponto de topar trabalhar com eles, sim).

sábado, 22 de agosto de 2015

Petulância.



Com tantas cidades no mapa, eu vim parar nesta. E com tantas operações rolando, eu vim trabalhar justo nesta. E com tantos colegas mais indicados que eu para escalarem, vim a ser chefe da melhor missão da minha vida.

Para pessoas normais, só havia uma vantagem em ser chefe: eu não precisava ficar na fila pra ser entrevistada pelo pessoal da coordenação. E a fila era grande, porque a missão era grande. Eles queriam saber quem tinha melhores condições de trabalhar onde, mas já me conheciam. Era a terceira vez que eu cumpria missão nessa cidade. Olha, sei pouca coisa sobre sistemas de informação de pessoal, mas evidentemente o nosso não serve pra nada. Sucesso.

Mas pra mim, ser chefe era a chance de fazer diferente, corrigindo os erros que plotei em todas as outras missões que trabalhei. Eu acho que é esse tipo de petulância que oxigena a polícia. Pelo menos tem algum novato tentando fazer melhor, concorda?

Nem todos concordam.

O primeiro momento tenso foi durante os reconhecimentos quando um dos antigões da minha equipe, o qual me olhava furtivamente, insinuou que eu tava exagerando. Ouvi, mas com todo respeito, continuei na mesma toada. Nesse tipo de operação eu tenho mais experiência que você, antigão, pensei.

Me deram 10 colegas pra trabalhar. Não conhecia nenhum deles. Distribuí as funções pelas habilidades que percebi em cada um. Respondi todas as perguntas deles no briefing, com fotos e informações precisas de tempo, distâncias, horários, nomes, motivos, etc. O antigão que não queria dar o braço a torcer, disse pra eu não me preocupar que tudo dá certo no final. Não sei se ele tá sendo otimista ou quer me provocar. Nem sempre dá tudo certo no final. E, hellooooo, meu papel é justamente não deixar nada dar errado.

O segundo momento de tensão como sempre acontece, foi "a aproximação" e isso era comigo. O cliente entrou comigo no elevador. Ele é bem agradável e elegante. Fez um elogio que mexeu profundamente com minha concepção do papel da mulher na polícia. Mas esse não é o tipo de elogio que a gente conta para os coordenadores da operação. Não vai constar nos meus assentamentos funcionais. Deixa quieto.

O terceiro momento crítico  se deu porque uma colega da equipe apontou um problema que eu não tava muito querendo ver. Tínhamos um elo fraco na equipe. É por isso que é difícil ser chefe. Quero muito o tutorial pra lidar com colega deslumbrado com o glamour desse tipo de operação. Pedi a ela apenas pra monitorar isso pra mim. Ela entendeu e colou no problema, neutralizando-o até o final. Acabei de conhecê-la e ela já se tornou minha melhor amiga na polícia.

O restante da operação fluiu muito bem. Com muito jogo de cintura, todos os nossos parceiros de outros órgãos e instituições corresponderam à altura, exceto um, que me deu um sonoro e áspero "não", quando eu pedi uma mãozinha, deixando claro que nossas linhas de raciocínio e prioridades são absolutamente incompatíveis. Mas tudo bem, porque o antigão estava certo, eu tava mesmo exagerando. Com isso, aprendi que, uns se expõem demais e desnecessariamente. Outros não querem se expor de jeito nenhum. Ok, porque eu não sei ainda onde começa um e termina o outro.

Foi, com toda certeza, a missão mais arriscada dessa minha vidinha policial. Um verdadeiro campo minado. Apesar de ter tido tanto pra dar errado, deu tudo certo e terminamos a missão com muita pompa, triunfo e Champagne na cobertura de um dos hotéis mais luxuosos da cidade.

Tenho uma forte sensação de que Deus manda anjos de "Operações Especiais" para protegerem os meus pés de pisarem nos lugares errados. Só pode! Valeu, meu Pai!

Ps.: nessa missão, recebi um convite muito interessante para trabalhar fora do país e da polícia. Pensando muito sobre isso. Bora ver se rola?

domingo, 12 de julho de 2015

Os professores.


Sonhei que eu dava aulas na Academia e no sonho eu era mais nova de casa ainda do que sou agora. Esse detalhe não foi ocultado pra provar pra vida que quem determina o nível do ridículo nesse blog, soy yo.

Olha, se aluno já pensa que é muita coisa, imagina os professores. Nas solenidades da Academia, os professores ficam destacados em áreas especiais. Os alunos sempre chegam mais cedo e os observam se aproximando aos poucos, se cumprimentando e tomando seu lugar no dispositivo.

Nos cursos de formação profissional, o professor é sempre chamado de senhor e quando entra em sala de aula, toda a turma fica em pé ao comando do xerife. Antes da primeira aula, o professor é apresentado à turma com a leitura do seu currículo. E essa é uma das partes que eu acho mais interessante, a história da vida do cara, seus cursos, locais de lotação, menções honrosas.

Adorava também quando o professor contava uma história sua pra ilustrar alguma aplicação do ensino proposto. Até quem tá cochilando acorda e chovem perguntas! Até hoje, o que melhor consigo lembrar dos professores que me deram aula, são pelos "causos" que contaram. Tinha uma professora que eu não lembro mais o nome, nem a matéria, mas lembro bem dela contando sobre uma operação divertidíssima em que trabalhou fazendo exatamente o que eu faço hoje.

Mas já percebi que, infelizmente, rola muita vaidade, como em todo meio acadêmico. E onde rola vaidade, rola muita coisa que a tia do jardim de infância já dizia ser muito feia. Virou professor? De brinde, vira alvo do recalque dos coleguinhas. Principalmente mulher! Coisa muito triste isso.

Nas aulas de conteúdo mais teórico, que envolve muita legislação e conhecimentos que você tem fácil acesso, digamos assim, é mais tranquilo. Já nas matérias mais operacionais o clima é bem mais tenso. Nessas aulas a gente sempre ouve que "um detalhe esquecido pode ser catastrófico para toda uma operação", que isso ou aquilo "pode custar a vida de alguém". Exagero ou não, nessas matérias sempre vai rolar muita discussão se a técnica proposta se aplica ou não na prática; se não seria mais fácil fazer de outra forma; se a doutrina americana, francesa ou boliviana seria melhor que a nossa e por aí vai.

Imagino que para o professor também não seja fácil, pois mesmo em turmas de curso de formação profissional tem alunos com bagagem adquirida em outras instituições, polícias e forças militares. E sempre tem um iluminado pra questionar: "mas, professor, e se... aqui eu fosse atacado por um... jacaré voador"? Enfim.

E o que dizer dos cursos especializados? Aí é que a vaidade rola mesmo, porque às vezes aparecem umas figuras que se acham e cuja missão da vida é não aceitar orientação de seres "inferiores".  Isso, sim, é o que eu chamo de circo. Palmas para os palhaços.

Li por aí que no Japão os professores são os únicos profissionais que não se curvam ao imperador, porque para os japoneses, numa terra que não há professores, não pode haver imperadores. Aqui é o contrário. 

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Archaea.

Arqueas são capazes de viver em ambientes extremos, como vulcões

A archaea (palavra de origem grega, que significa antigo, velho) é a designação de um dos domínios dos seres vivos. São microrganismos unicelulares também conhecidos como arqueobactérias. Algumas espécies de archaeas foram encontradas vivendo em condições ambientais onde normalmente outros grupos de seres vivos não conseguem sobreviver como fontes de água quente, lagos ou mares muito salinos, pântanos e ambientes ricos em gás sulfídrico e com altas temperaturas. 


Se este texto se referisse a bactérias policiais antigonas, explicaria muito da vida policial

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Avenger.


Pra ficar mais simples, entenda apenas que saí da "sala do papel" para trabalhar na "sala da justiça", ok?  

Daí que imaginava eu ser a sala de justiça simplesmente o cérebro da minha área operacional, onde um colegiado de super-heróis-super-amigos decidiam o destino da humanidade numa sala cheia de telas e informações. Tenho tendências ao pensamento juvenil e ninguém se surpreende mais com isso, né? 

Mas sabe quando você, policial que realmente opera, chega na situação e pergunta: "Mas quem mandou essa viatura pra cá?" ou "Quem foi o gênio que determinou que entrássemos por aqui e não por ali?", então... seus problemas acabaram. Agora, eu sou o gênio dessa lamparina. Sou eu que vou mе vingar planejar e dar nome para as próximas operações.

- Ué, Novinha, não seria um grupo colegiado de super-heróis-super-amigos das galáxias???

Seria, mas descobri que o "grupo colegiado" somos apenas eu (mezzo novinha) e um delegado (pausa dramática pra chorar) que é com-ple-ta-meeen-te leigo no assunto, gente. 

quarta-feira, 11 de março de 2015

"40 tons de punição"


Peguei meu pedreiro, em flagrante, me roubando. 

Foi assim: vendi meu apartamento, comprei um lote, escolhi uma planta com um engenheiro legal e contratei o pedreiro. Poié... esse cara, o pedreiro que me indicaram, com mil e uma recomendações, havia atrasado assombrosamente o andamento da minha obra, porque precisava construir, ao mesmo tempo, a casa dele com meu material de construção. Eu disse: "construindo, ao mesmo tempo, a casa dele". Eu disse: "comeu material de construção". Primeiro dei falta de um saco de cimento. Mas porque sou policial, meu bem disse que desconfio de todo mundo. Desconfio mesmo! É a ética da vida, sem sentimentalismos ou utopias, amore. Bem disse o jesuíta Baltasar Gracián: "a confiança é a mãe do descuido". 

Depoieu simplesmente vo pedreiro carregando o meu material pra casa dele

Aí você, baseando-se naquelas milhares de histórias de policiais que ouviu por aí, imagina logo que eu dei voz de prisão em flagrante para o safado, né?

Estudos recentes dão conta de que policiais adoram contar vitórias, principalmente professor de academia de polícia, mas poucos contam as derrotas. A menina super esperta da polícia de Marte que perdeu o cargo por ter grampeado o celular do namorado, jamais se do tipo que fica na boate dando  carteirada de heroína com essa história pra novinho dormir. O antigão policial de Pluo que "puxou arma" pra vendedora da banca de muamba, uma chinesa que lhe vendera mercadoria danificada, levou, sei lá, uns 40 dias de suspensão, mesmo tendo recorrido ao judiciário. Esse extra-terrestre policial não vai escrever um livro sobre os "40 tons de punição" que ele levou. Ocorre que depois da estratégia mal sucedida da "PEC da Impunidade" os delegados humilhados precisam mostrar serviço para o Ministério Público. Se espirrar, saúde, Senhor Corregedor!  

o pergunteo que eu fiz coo pedreiro ladrão.

"Mas você fez o que com o pedreiro ladrão, Novinha espera?"

Nadinha, obrigada. Apenas dei-lhe um sermão do tipo "sabão", entreguei a obra pra Deus e para o meu bem (em amboos sentidos, mesmo). o... nem demitir o pedreiro eu pude, porque mesmo se ele voltasse a me roubar, ainda compensava financeiramente porque  meu prejuízo seria menor. Haja vista que um distinto cavalheiro  que chamo de meu bem já tinha dado um adiantamento robusto para o vagabundo que me recomendaram tão bem. Va-ga-bun-do, sim! 

Achando que fui conivente com um roubo contra minha pessoa. Procede?

Estou contando tudo isso porque mundo precisa saber que pela primeira vez na minha vida... sério mesmo, senti uma forte empatia para coos assassinos frioe calculistas que entraram para a história da humanidade. (Furto famélico porque não é o seu material, meritíssimo!) Eu realmente quis matar esse filho de chocadeira, desgraçado, porque eu passo dias e dias fazendo orçamentos, para o bonitão colocar meu material comprado com meu dinheirinho suado e honesto na casa dele ainda receber poisso? Muita raiva, tanta que não consigo sequer pisar naquela obra mais. Porém, como tudo na vida tem suas consequências, levarei para a terapia essas minhas recém adquiridas fantasias de SNIPER! Sabe aquele cara que atira de longe, com tranquilidade e precisão? Fantasias, né, porque nessa histórieu não sou sniper, sou refém do desgraçado do pedreiro ladrão. 

A propósito,hipoteticamente falando, se alguéestivessentind
refém coessa roubalheira da Petrobrás, não pode chamar THE SNIPERS, pode?