quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Escrivão novinho que se deu bem.


Querida amiga "Novinha",
(por e-mail)

Primeiramente agradeço pela mensagem enviada e peço desculpas pela demora em fazer contato, tentei algumas vezes por telefone mas não tive êxito. Amiga, estou super bem. Como deves saber, fui nomeado para um cargo de chefia quando retornei para "cá". Trabalho no setor "Charlie". Estou tentando fazer um bom trabalho. Estou muito feliz com essa função. A família está super bem, as meninas estão crescendo muito rápido. Estou terminando uma reforma no apartamento, ufa......rs. Gostaria muito de conversar pessoalmente ou então por telefone. Considero vc uma pessoa muito especial. No momento difícil que eu estava longe, vc fez o possível para me ajudar. Não retornei para "aquele outro setor" mas Deus sabe o que faz. Quando vieres aqui na "minha área" venhas tomar um cafezinho conosco. Meus telefones: "2222-2222" - serviço - "5555-5555" - casa (desativado momentaneamente devido à obra) e "8888-8888". Beijão.

Ps.: O que está entre aspas foi adaptado.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sangue novo, suor e lágrimas.


O Guerreiro é divertido, engraçado, irônico e acessível. É muito querido pelo pessoal aqui e tem me ajudado bastante nessa nova equipe. Meio que me adotou e só me chama de "moleca"... Eu não me importo e a gente conversa horas e horas. Ele sabe muita coisa sobre polícia.  Conhece a cidade e as manhas da vagabundagem. Digamos que tenha feito doutorado na "Harvard" policial: as ruas. Ele me explica coisas sobre o fogo, a terra, a água e o ar. Em troca eu o alimento com o meu sangue novo e ele acha graça nesse meu orgulho de ser policial.

Queria abrir a janela a fim de deixar a brisa entrar, mas ainda respiro por aparelhos. Meu coração não sai da UTI. Recolho as poucas verdades que me restam a fim de protegê-las de mim mesma. Não obstante, transpirar é um ato involuntário e o Guerreiro certamente sente o cheiro da carência que transpiro.  Tenho pesadelos com demônios. Poderia discorrer melhor sobre o que tudo isso significa, mas tá ficando tarde e eu preciso voltar. Porque por mais idiota que possa parecer, a melhor parte do meu dia é voltar pra casa com a esperança de que meu amor esteja lá, dizendo que toda essa tempestade passou.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Grampo.


A pobre vítima do "grampo" é uma leitora que me pergunta via comentário não publicado no blog: "Vc tá bem?"

Respondo, comentando no blog dela (não publicado): "Tô, por que?"

Vítima: "Nada, só para saber mesmo, é que deu a impressão de que você estava meio tristinha. Ainda bem que não está!! :)"

Eu: "Não... : ) Tô só um pouco cansada. Estou no banco de trás de uma viatura olhando para a entrada de um prédio e aguardando uma situação acontecer... A gente tá ouvindo música (tem um colega no banco da frente olhando uns papéis...). E daqui a pouco vou ter que entrar dentro do prédio... eu acho. Tem dois colegas meus lá dentro. Mas tá tranquilo. : ) Só uma leve dorzinha de cabeça... deve ser o cansaço e também porque acordei muito cedo hoje. Tô com o sono muito atrasado. : ) E você tá bem?"

Vítima: "Caraaaaaaaaaaaaaaca nao acredito!!!!!!!!!!! Que lindo isso, meus olhos até brilharam agora!!!! Como vc me conta isso assim, na maior tranquilidade, isso pra mim é o ápice!! Achei que estava em sua casa! Então não vou mais te incomodar, tá bom? Quando chegar em casa, descansa bastante, um bjo e cuidado aí pelo amor de Deus PAI!!"

Eu: "Tá bom, linda... A gente se fala... Eu vou parar porque a minha cabeça está piorando e eu tô ficando com vontade de fazer xixi..."

* A publicação desse diálogo foi feita com a devida autorização prévia da Vítima do Grampo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Para Isabella, a belíssima pistola que anda comigo.


Querida parceira, lamento informar, mas hoje você não vai. Isso não é um evento profissional. Pelo menos não é para ser. Sei que não parece, mas mulheres policiais também têm vida particular. Mira bem... percebeu que você está sobrando? Então, por gentileza, abaixa essa pontaria bélico-coercitiva. Hoje você vai ficar aí.

Já sei, já sei. Não precisa disparar para os quatro cantos do mundo que você só quer me proteger. Não pense que eu saio por aí dando tiros no escuro. Apenas acho que não se cultiva um relacionamento armada até os dentes. Essa noite tudo o que eu quero é ter a chance de me sentir protegida nos braços dele. Você diz que ele não tem braços de aço, nem de polímero, mas você não tem nada que analisar o calibre dos braços dele, Bella! Dá licença? Será que eu posso ter um pouquinho de privacidade e ser uma mulher normal alguma vez na vida? Não quero que você fique aparecendo na frente dele assim, à queima roupa. Tudo tem seu tempo.

Tenho notado que seu alvo agora é andar por aí se exibindo, chamando a atenção de todo mundo. Toda suburbana, insinuante, em polvorosa. Que é isso? Você é fogo, hein. Barra-pesada! Foi por isso que meu tio notou que naquela bolsa de mulher havia algo mais e foi mexer contigo pelas minhas costas. Onde já civil?! Pois fique sabendo que a sua sorte foi que ele não efetuou nenhum disparo, porque aí sim, seria o fim da nossa amizade, já que eu estaria provavelmente procurando outro emprego. Não quero ficar brigando com as pessoas por tua causa, Bella. E você complica demais as coisas tem hora.

Não sei por que você mudou de comportamento assim, de uma hora para outra. Nunca duvidei que poderia contar sempre contigo. Lembra na Academia como a minha mão suava e doía por eu te apertar tanto na hora da tensão? Formávamos uma dupla perfeita, inseparável! Chegaram a dizer que nossa relação era baseada no que Freud chamou de inveja do pênis. Era o caramba! Porque inveja foi o que eles sentiram depois daquela nossa importantíssima performance na prova de tiro. E inveja é mais letal que arma de fogo, sabia? Mas agora você anda passando dos limites, Bella não vou permitir que você interfira tanto na minha vida desse jeito. Chega, amiga. Tem momentos em que eu preciso ficar sozinha. E francamente. Me irrita essa sua mania de fazer tanto barulho só pra aparecer. Você anda muito esquentadinha, soltando fumaça pelos orifícios. Exigindo que eu esteja sempre em ponto de bala. Fica fria, Bella, porque resolvido está. Hoje, eu não vou te levar.

Não, você também não vai dormir comigo essa noite. Esqueceu aquele dia que a faxineira deu de cara contigo debaixo do meu travesseiro no dia seguinte? Você assusta as pessoas, Bella. Se enxerga... Não, minha linda, você não é feia. Você é a rainha da bateria, dos artefatos, dos argumentos! É a ultima ratio. Mas você não se ajusta, Bella. Pra começar, o meu vestido é curto. É justo. E justiça seja feita: é muito digno. Hoje, você não cabe nem na minha bolsa, amiga. Coldreia! Isso já está virando uma relação doentia.  Deixa ele me dar segurança essa noite, tá bom? Você bem sabe o que isso representa para mim.

Não, Bella, hoje, definitivamente, não é dia de calça jeans. Não vou trocar de roupa só pra te levar na canela. Não embaça o alvo, por favor! E não vá pensando que vou deixar você me esperando no carro. De jeito nenhum! Não quero te perder! Rouba-se carro todos os dias nessa cidade, sabia? Todo santo d... Se bem que, né? Pensando melhor, vou levar um casaquinho. Sempre sonho que estou desarmada na hora em que mais preciso de você... Guerra é guerra 24 horas por dia e não vou dar uma gatilhada dessas para o azar. Sendo eu uma mulher policial, ora essa, é melhor ele entender que você é a minha grande parceira. Você já faz parte do meu charme, do meu mistério. Pode vir comigo, parceira.Vem. Ele não é desses que têm medinho do perigo.

Ps.: Espero não estar Irritanto Fernanda Young (linda!!!) com esse texto que foi inspirado no estilo dela de escrever.