terça-feira, 29 de maio de 2012

Pra quem quer saber.

Na vida real, o clarão da sua arma disparando um tiro é um relâmpago. E o barulho é um trovão. O resto é correria e gritaria no plano de fundo, porque o som principal é o seu coração disparado. Tum-tum, tum-tum, tum-tum...

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Preparar...

 
 
  • O bonezinho é da polícia australiana de Queensland. Foi presente de um policial com quem trabalhei.
  • O abafador de ruídos e a submetralhadora foram fornecidos pela instituição que promovia o treinamento.
  • O colete foi comprado numa loja de artigos de pescaria, no interior. É uma adaptação funcional, porque era necessário cobrir a arma pequena (Isabella).
  • A blusa de manga cumprida é do Departamento de Polícia de Nova York. É da seção de crianças de uma loja de souvenirs.
  • A calça é a da PRF. Era parte do uniforme dos professores daquele curso no qual fui "instrutora". Foi comprada numa casa de coisinhas militares aqui na cidade onde trabalho.
  • O coldre, as joelheiras (que servem também pra andar de patins), os óculos de proteção e o boot são de uma loja especializada em artigos policiais também em Nova York.
  • O cinto é modinha militar, vendem super barato numa feirinha lá na minha cidade.
  • A munição é de verdade, mas os alvos são de mentirinha (papel e metal). 
  • O olhar é de uma colega que captou essa foto (sem photoshop) durante um treinamento e eu nem vi. Muita adrenalina. Se é assim na escolinha, imagina na vida real.

domingo, 13 de maio de 2012

Servir, proteger e acreditar!


Eu me lembro que o Agente Roger Murtaugh foi meu professor na Academia. É um antigão que esbanja classe. O cara é um gentleman! Além de temperar a aula com comentários perspicazes, ele se vestia impecavelmente bem e foi extremamente educado. Claro que prestei atenção na matéria, mas você sabe, mulher observa tudo e mais alguns detalhes. Estava aqui descaradamente levantando a ficha dele. Caprichoso... Trabalhou em várias áreas interessantes aqui da polícia. Lugares em que não é qualquer um que pode trabalhar, entende? Sei que ele cumpriu muita missão delicada por aí. Eu não vou definir "missões delicadas". Mas saiba que Jack Bauer se preparava para chefiar essa equipe, não tivesse o Zero-Um convocado Roger Murtaugh para emplacar o que me parece ser mais uma de suas desafiantes missões especiais. Porque certas operações têm um forte cunho, digamos, político-motivacional pra nossa Polícia. Jack Bauer não deve ter gostado muito dessa decisão, mas concordou em dar todo suporte ao colega. Agora, o que realmente me impressionou foi que o  Zero-Um deu carta-branca ao Roger para escolher quem ele quisesse pra compor uma equipe fixa só pra trabalhar nisso. E é aqui que eu entro. Estou morrendo de ansiedade enquanto aguardo o trâmite da papelada. O Agente Roger Murtaugh é o meu novo chefe.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Os três mosqueteiros.

Os instrutores do curso dos franceses eram três que chamarei de Athos, Porthos e Aramis e havia um quarto elemento que não era instrutor, apenas cuidava da parte administrativa do curso - o D'artagnan. A abordagem francesa nesta área em que trabalho é bem diferente da nossa. Eles têm um preciosismo impressionante com a forma e a estética do trabalho. Nós não. Somos orgulhosamente marrentos e por isso mesmo tivemos algumas dificuldades.

Nosso pessoal estava muito cético com relação a esses instrutores e sua doutrina.  Os alunos faziam corpo mole nas instruções e os atrasos eram constantes o que irritava bastante o corpo docente. Por outro lado, D'artagnan fazia muita propaganda dos equipamentos que eles tinham trazido o que irritava bastante os alunos. Havia um obstinado interesse comercial que bem poderia ter ficado menos evidente. O clima não estava nada bom. Houve até um princípio de discussão, porque um dos alunos entendeu que Athos, o professor da maior parte das aulas práticas (e o mais metidinho também) estava xingando os alunos em francês... Bom, se xingou não foi comigo. 

Na boa? Sei ser prática quando me convém. Me concentrei o tempo todo no que havia de bom e ignorava o resto. Sabe? Tipo "visão de túnel", fechada no que interessava e pronto. Tava nem aí se a tradutora da embaixada traduzia "paniquer" como "panicar". Na verdade os três mosqueteiros me conquistaram fácil. Primeiro porque eu não tenho a vivência dos mais antigos então qualquer coisa que eu aprender será lucro. Portanto, estava muito bem disposta nas aulas teóricas e práticas. Vibrando e transpirando aquela intensidade de quem não tem tempo a perder. E tava sempre atenta para aprender até nos intervalos, com a humildade pura de quem não sabe nada, mesmo... Eu sou assim naturalmente, burrinha e feliz. Segundo, porque eles faziam estudos de caso mostrando os próprios erros. Isso eu acho muito legal, sincero e raro nesse concurso de vaidades que é a polícia. Você já leu "Os Três Mosqueteiros" de Alexandre Dumás? É uma leitura que recomendo. Mas leia as versões originais, mais grossas, e não esses livrinhos editados para o Jardim da Infância. Se você não sabe, o autor fala bastante em sexo, boemia, traição e bebedeira nesse livro. Realismo.

Ao final os alunos fizeram uma apresentação muito bem elaborada para o Zero-Um da Polícia e ele se mostrou muito satisfeito. "Coisa de cinema", ele disse. E, para nooooooossa alegria e surpresa três alunos do curso (eu, inclusive) foram escolhidos pelos instrutores franceses para fazer a "parte dois" desse curso em Paris, na França. Não sei dizer o quanto fiquei feliz. Não só pelo curso, pela Franca e por ter sido escolhida. Mas porque descobri que parece que levo jeito, ou melhor, tenho pelo menos uma certa afinidade com alguma área nesse vasto campo de trabalho que é a polícia. Mas também pode ser por causa das minhas pernas. Essa foi a explicação que ouvi de um colega lá do setor do Jack Bauer, para o fato de eu ter sido escolhida para fazer esse curso e ele não. Não sei se isso foi uma ofensa, uma cantada ou se ele tem celulite.

É, mas isso também não tem a menor importância, pois nenhum dos alunos selecionados vai fazer curso em Paris, apesar de meus esforços desesperados de colocar o Francês em dia. Porque alguém lá do alto-escalão, um corrrrrrrno filho de chocadeira desalmado, entendeu que fazer curso na França era missão para um delegado novinho que não trabalha na área e não participou de curso algum. Realismo.