Conseguimos cumprir a missão naquela cidade logo pela manhã, mas só poderíamos voltar pra casa no dia seguinte. É o meu trabalho... fazer o quê? Turismo, oras! Meu parceiro, me levou pra conhecer os pontos interessantes da região. Eu gosto de conhecer lugares diferentes e gosto mais ainda de fazer essas coisas de oportunidade única. Olhamos a agenda cultural e ainda conseguimos comprar ingressos para um show imperdível! Perfeitooooo - pensei - Hoje vou sem stress, sem arma, sem carteira... e sem noção, pois só por uma noite eu quero esquecer que sou policial. Quero ter 17 anos de novo e sair pra me divertir, espairecer, respirar, ser uma pessoa normal (eu disse isso alto?). Fui.
Inesquecível perceber como o mundo é grande aqui longe de casa. E essa música é muito irada e essa cidade é muito irada... E 17 é uma idade muito irada... Veja bem... não há argumentos racionais. Apenas curti até não poder mais, voltei para o hotel e apaguei.
Dia seguinte. Café da manhã regional, check out, despedidas... Vambora! Porém, chegando no que vou chamar de portão de saída da cidade, me lembrei que tinha esquecido uma outra coisa: a Isabella (minha pistola) tinha ficado no hotel. Pânico! Voltamos imediatamente para buscá-la... No caminho eu calculando a minha estupidez e o tamanho da punição referente: "Será que isso dá inquérito? Posso alegar incapacidade civil ou inimputabilidade penal? Afinal, ontem eu tinha 17 anos e hoje não é o dia do meu aniversário..." Sei lá, sabe.
Pedi a chave, disfarçando a ansiedade e subi correndo. Quando abri a porta, fui direto ao ponto. E essa sapequina tava lá bonitinha, no lugarzinho onde a deixei. Toda brava, olhando séria e reto dentro dos meus olhos tão felizes e aliviados por vê-la novamente. Eh, Isabella. Ciumenta, traquina e vingativa! Ela fica fosca e gelada de raiva quando saio sozinha.