segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Mamãe se achando.


Indiozinho apontando pra TV, enquanto passava um programa que retrata a vida de quatro mulheres policiais: "Olha lá a mamãe!".

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Estado de carência.


Ando cheia de uma tal espécie de carência que até o cãozinho fofo que pulou nas minhas pernas hoje de manhã sentiu pena de me deixar correr sozinha os 6 km e me acompanhou ida e volta. Cachorro pega essas coisas no faro. E eu tentando vender o contrário.

Pra ser sincera, não tem sido nada fácil ver meus vínculos afetivos se perdendo na distância de morar longe da minha família e dos meus amigos antigos. Me sinto como uma foto guardada, da qual só se lembram quando alguém a encontra fortuitamente. Já fiz terapia pra entender essa minha dor de ausências. No início a psicóloga elogiou minhas respostas honestas (honestamente? Com a grana que eu tava gastando eu mentiria pra ela pra que, né?!). A psicóloga queria ser minha amiga. Devo despertar sentimentos maternais nas pessoas, porque ela achava que deveria cuidar de mim e me dar broncas. Um dia, na terapia ela me deu uma bronca terrível, até aí tudo bem porque eu mereci, mas ficou visivelmente sensibilizada quando desatei a chorar. Sentiu pena de me deixar chorar sozinha. Cobri o rosto com as mãos quando ela puxou sua cadeira pra perto da minha, tentou me abraçar, mas eu não queria abraço. Psicóloga é psicóloga; amiga é amiga; mãe é mãe. Mesmo assim, me dobrei como quem se contorce de dor e vergonha da mãe e chorei no colo dela como se fosse minha amiga. Resultado: não pude mais. Achei maldade não cooperar e acabei dando as respostas que a psicóloga queria ouvir pra ela ficar feliz e eu receber alta logo.
 
No estado de carência, a aproximação de alguém desperta sentimentos confusos e variados. Já passou por isso de querer um colo pra escapar de uma dor intensa, mas sua família e seus amigos estão longe e você se deixa chorar no primeiro colo que aparece? "Ora, Novinha, isso é normal". Pois então tome cuidado, porque muitas vezes só vai aparecer cachorro pra te dar colo, eles pegam essas coisas no faro. Aí você vai levar bronca, vai chorar muito e ainda vai pagar caro por isso.

sábado, 10 de novembro de 2012

Briefing.

Uma coisa eu preciso admitir: difícil imaginar como se fazia planejamento operacional há 15 anos atrás quando ainda não existia a tecnologia que temos hoje. Adoro essas missões onde a gente tem que pensar, planejar, calcular, visualizar  e, claro, executar! Vou pegar um café.
 
 
 


Ps.: Andei, ou melhor, voei... no helicóptero da Polícia!!!
 

domingo, 4 de novembro de 2012

Só por uma noite.

 
 
 
Conseguimos cumprir a missão naquela cidade logo pela manhã, mas só poderíamos voltar pra casa no dia seguinte. É o meu trabalho... fazer o quê? Turismo, oras! Meu parceiro, me levou pra conhecer os pontos interessantes da região. Eu gosto de conhecer lugares diferentes e gosto mais ainda de fazer essas coisas de oportunidade única. Olhamos a agenda cultural e ainda conseguimos comprar ingressos para um show imperdível! Perfeitooooo - pensei - Hoje vou sem stress, sem arma, sem carteira... e sem noção, pois só por uma noite eu quero esquecer que sou policial. Quero ter 17 anos de novo e sair pra me divertir, espairecer, respirar, ser uma pessoa normal (eu disse isso alto?). Fui.

Inesquecível perceber como o mundo é grande aqui longe de casa. E essa música é muito irada e essa cidade é muito irada... E 17 é uma idade muito irada... Veja bem... não há argumentos racionais. Apenas curti até não poder mais, voltei para o hotel e apaguei.
 
Dia seguinte. Café da manhã regional, check out, despedidas... Vambora! Porém, chegando no que vou chamar de portão de saída da cidade, me lembrei que tinha esquecido uma outra coisa: a Isabella (minha pistola) tinha ficado no hotel. Pânico! Voltamos imediatamente para buscá-la... No caminho eu calculando a minha estupidez e o tamanho da punição referente: "Será que isso dá inquérito? Posso alegar incapacidade civil ou inimputabilidade penal? Afinal, ontem eu tinha 17 anos e hoje não é o dia do meu aniversário..." Sei lá, sabe.
 
Pedi a chave, disfarçando a ansiedade e subi correndo. Quando abri a porta, fui direto ao ponto. E essa sapequina tava lá bonitinha, no lugarzinho onde a deixei. Toda brava, olhando séria e reto dentro dos meus olhos tão felizes e aliviados por vê-la novamente. Eh, Isabella. Ciumenta, traquina e vingativa!  Ela fica fosca e gelada de raiva quando saio sozinha.