Ele sempre teve ciúmes dos meus amigos, mesmo fora da polícia, porém ciúmes eu também tenho e acho que um pouquinho só não mata ninguém. Me acompanhou, meio a contragosto, a uma festinha da polícia e fiz questão de apresentar-lhe todos os meus colegas. Apostei que seria legal enturmá-lo com o pessoal. Mas não. Errei o tiro porque ele se sentiu totalmente deslocado, talvez impressionado ou inseguro. Pra quem não é do meio, deve ser mesmo um saco esse papinho de polícia, cheio de frases de laboratório... Ficou emburradinho a noite toda. Bruto, como se nunca mais quisesse ser meu. E eu triste sem poder fazer nada, porque ele sofre calado sem dar o braço a torcer. Senti uma mágoa na voz dele quando me disse que não tem dúvidas da atração físico-químico-linguístico-antropológica que tenho por ele, mas questiona filosoficamente o amor que sinto. Bandido! E, pra piorar, as circunstâncias não colaboram nem um pouco. Outro dia me perguntou por que a secretária do delegado ligou aqui em casa se eu estava trabalhando. Alerta! Como é que eu vou saber?! “Porque eu não ouvi o celular tocar” respondi. Que ódio daquela desunida bigoduda! Cara, isso queima o filme da gente, né? Mas o golden point da semana foi outro colega que ligou para o meu celular no sábado de manhã. Ele atende e o cara desliga! (E o quê? Susto?). Ele então ri com desprezo: Óbvio que ele conhece o número da delegacia... Caramba! Será que esse pessoal não se dá conta de como é difícil arrumar um homem decente na atualidade?
ATÉ QUANDO?
Há 5 anos