
Queria ter tido tempo pra fazer todos os reconhecimentos, anotar os detalhes importantes, estudar e me preparar direitinho para essa missão a fim de não fazer nenhuma besteira, mas a coisa aqui é dinâmica. Eu me sinto como alguém que tem que pegar um trem em movimento. E o que mais me preocupa é que o único braço forte disponível pra me ajudar a subir é o do
Guerreiro. Paciência... não vou discutir com a vida. Vou me permitir o luxo de confiar nele porque não posso desperdiçar uma oportunidade dessas! Já não aguentava mais. Passei muito tempo só tapando buraco por aí. Agora sim, estou numa equipe fixa, numa atividade nova (aleluia!) e longe da delegacia. Mas principalmente... longe das provocações daquela
louca, cheia de pontos de vista emprestados, que não poderia deixar passar uma oportunidade pra ironizar a legitimidade da missão em que vou trabalhar. Cara,
interna corporis aqui é igualzinho aos filmes americanos: os caras do DEA ironizam o FBI, que zoa os caras da SWAT, que implicam com os homens da CIA. Eu não entro nessa guerra inútil. Pra mim qualquer experiência nova é lucro. E isso não tem nada a ver com aqueles mantras ridículos de livro oco de auto-ajuda ou marketing pessoal de quinta. Para!
Isso é vibração de novinho mesmo, e daí?
Já fui apresentada ao Poderoso Chefão, que não é policial, e claro, já percebi uma nuance de dúvida no jeito dele, tipo: "será que essa menina vai mesmo dar conta do recado?" Humpf! Mas suas rugas de desconfiança se esvaíram rápido, porque quem me levou até ele foi aquele colega meu, estilo
Jack Bauer. Contudo não vou trabalhar diretamente com o Jack, infelizmente (pausa para um suspiro), embora essa equipe lhe esteja subordinada. E o que ele falou sobre a importância de ter uma mulher na equipe foi suficiente para convencer não só o Poderoso Chefão, mas até a mim mesma! Na hora cresci uns quarenta centímetros de deslumbramento e o coraçãozinho pulava como o Pelé dando aqueles socos no ar. Depois fiquei pensando se o Jack estava realmente sendo sincero ou se teria dito aquilo só pra convencer o cliente a ficar satisfeito com o único produto que ele tinha a oferecer no momento (já que estamos em um período de férias...) Acho que nunca vou saber, mas não importa. O meu desejo pelo desafio suplanta meu medo de
errar. Agora é embarcar e virar essa página.